Origem e Formação: Um herdeiro político
Fernando Affonso Collor de Mello nasceu em 12 de agosto de 1949, no Rio de Janeiro, em uma família profundamente enraizada na política nacional. Seu pai, Arnon de Mello, foi governador de Alagoas e senador; seu avô, Lindolfo Collor, integrou a Revolução de 1930 ao lado de Getúlio Vargas.
Crescendo entre Maceió e Brasília, Collor absorveu desde cedo a dinâmica do poder. Formado em Economia pela Universidade Federal de Alagoas, assumiu o controle das Organizações Arnon de Mello, consolidando influência no setor de comunicações.

O senador Arnon de Mello, morto em 1983, era pai do ex-presidente Fernando Collor de Mello • Divulgação/Senado Federal
Início da Vida Pública: Prefeito e deputado
Em 1979, nomeado prefeito de Maceió pelo regime militar, Collor iniciou sua trajetória administrativa. Seu perfil jovem e dinâmico o impulsionou, e em 1982, foi eleito deputado federal pelo PDS.
Já demonstrava talento midiático e habilidade de adaptação política — características que marcariam sua carreira.
Governador de Alagoas: O “caçador de marajás”
Eleito governador de Alagoas em 1986 pelo PMDB, Collor construiu sua imagem como gestor austero e inimigo dos privilégios públicos. A luta contra os “marajás” — servidores públicos de altos salários — capturou a atenção nacional.
Seu governo, embora marcado por gestos simbólicos mais que por reformas estruturais, pavimentou o caminho para sua candidatura à Presidência da República.
1989: A Eleição Histórica
Na primeira eleição direta pós-ditadura, Collor candidatou-se pelo pequeno PRN (atual Agir). Com forte apelo midiático, um discurso de modernização e combate à corrupção, superou candidatos experientes como Ulysses Guimarães e Mário Covas.
No segundo turno, derrotou Luiz Inácio Lula da Silva, capitalizando o medo da radicalização política e a esperança em um “novo Brasil”.
“Não temo o desafio, porque represento a mudança que o povo exige.” — Fernando Collor, discurso de posse, 1990.
Governo Collor: Reformas drásticas e queda de popularidade
Assumindo em 1990 em meio à hiperinflação, Collor implementou o “Plano Collor”, liderado pela ministra Zélia Cardoso de Mello. As principais medidas:
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Confisco de poupanças: bloqueio de depósitos acima de 50 mil cruzados novos.
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Abertura econômica: redução de tarifas de importação.
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Privatizações iniciais: venda de estatais para reduzir o tamanho do Estado.
O impacto foi devastador para a classe média. A quebra de confiança resultou em rápida erosão de sua popularidade.
Escândalos de Corrupção e Impeachment
Em 1992, denúncias lideradas por seu próprio irmão, Pedro Collor, revelaram esquemas de corrupção envolvendo PC Farias, tesoureiro de sua campanha.
A CPI da Corrupção comprovou desvios e o uso de recursos ilícitos para despesas pessoais — inclusive a famosa compra de um Fiat Elba.
O movimento dos “caras-pintadas” intensificou a pressão pública. Collor renunciou em dezembro de 1992, mas o Senado consumou o impeachment e cassou seus direitos políticos por oito anos.
Tentativas de Retorno Político
Ano | Tentativa | Resultado |
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2002 | Governo de Alagoas | Derrotado |
2006 | Senado por Alagoas | Eleito |
2010 | Governo de Alagoas | Derrotado |
2014 | Reeleito senador | Mandato concluído |
Durante sua atuação no Senado, Collor buscou reabilitar sua imagem, aproximando-se de Lula e Dilma Rousseff. Em 2016, porém, apoiou o impeachment de Dilma, e em 2022 alinhou-se a Jair Bolsonaro.
Lava Jato e o Fim da Linha
Em 2015, Collor foi alvo da Operação Politeia (desdobramento da Lava Jato). Investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na BR Distribuidora, foi acusado de receber R$ 20 milhões em propinas da UTC Engenharia.
Em 2023, foi condenado pelo STF a oito anos e dez meses de prisão. Após recorrer em embargos de declaração e embargos infringentes — ambos rejeitados —, o ministro Alexandre de Moraes decretou o trânsito em julgado.
Em 25 de abril de 2025, Collor foi preso em Maceió.
“Os recursos manejados pela defesa possuem nítido caráter protelatório.” — Alexandre de Moraes, despacho de prisão, 2025.
Linha do Tempo Expandida
Data | Evento |
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1949 | Nasce no Rio de Janeiro |
1979 | Nomeado prefeito de Maceió |
1982 | Eleito deputado federal |
1986 | Governador de Alagoas |
1989 | Eleito presidente |
1990 | Plano Collor e confisco da poupança |
1992 | Impeachment |
2002 | Derrota para governo de Alagoas |
2006 | Eleito senador |
2015 | Investigado na Lava Jato |
2023 | Condenado pelo STF |
2025 | Preso em Maceió |
Análise: Collor e o Brasil em Perspectiva
Fernando Collor simboliza a intersecção entre esperança democrática e decepção institucional. Sua trajetória expõe:
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O desejo popular por modernização pós-ditadura.
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A incapacidade de promover reformas estruturais profundas.
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A vulnerabilidade de novos líderes aos velhos vícios políticos.
“Collor foi o prenúncio de uma era em que imagem pública e marketing eleitoral se sobrepuseram à consistência política.” — Cientista Político fictício, Anuário Brasileiro 2026.