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A ascensão e queda de Fernando Collor: do “caçador de marajás” à prisão por corrupção

Ex-presidente, que marcou época no Brasil pós-ditadura, é preso após decisão do ministro Alexandre de Moraes

por brunojorge
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Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito por voto direto após o regime militar, viu sua trajetória política encerrar mais um ciclo nesta sexta-feira (25), com sua prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A detenção, consequência de uma condenação a oito anos e dez meses de prisão, é o capítulo mais recente de uma história marcada por ascensões meteóricas, escândalos devastadores e tentativas de ressurreição política.

De herdeiro político a presidente da República

Nascido no Rio de Janeiro em 1949, Collor cresceu em meio à tradição política familiar. Filho de Arnon de Mello, ex-governador de Alagoas, e neto de Lindolfo Collor, líder revolucionário de 1930, o jovem Fernando construiu suas primeiras bases de influência tanto em Brasília quanto em Maceió.

Economista formado pela Universidade Federal de Alagoas, ele assumiu ainda jovem o comando das Organizações Arnon de Mello, grupo de mídia que lhe daria visibilidade e poder regional. Sua estreia política veio em 1979, como prefeito nomeado de Maceió, e três anos depois, elegeu-se deputado federal.

Mas foi no governo de Alagoas (1987-1989) que Collor se projetou nacionalmente. Seu discurso agressivo contra os “marajás” — servidores públicos de altos salários — e sua imagem de modernizador o impulsionaram à Presidência da República em 1989, vencendo Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro pleito presidencial após 29 anos de ditadura.

Foto oficial do senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente Fernando Collor de Mello, com óculos de armação grossa e terno escuro; imagem histórica anterior a 1983, divulgada pelo Senado Federal.

O senador Arnon de Mello, morto em 1983, era pai do ex-presidente Fernando Collor de Mello • Divulgação/Senado Federal

Governo Collor: promessas, planos econômicos e frustração popular

A esperança inicial rapidamente se transformou em desilusão. Herdando um país com hiperinflação e estagnação, Collor implementou o drástico “Plano Collor”, bloqueando contas bancárias e promovendo reformas que prometiam modernizar a economia. Embora tenha impulsionado a abertura comercial e iniciado privatizações, sua política econômica provocou enorme instabilidade social e desgaste político precoce.

O confisco da poupança, em especial, abalou a confiança da população, enquanto sucessivos planos econômicos fracassados minavam sua credibilidade.

O escândalo que derrubou um presidente

Em 1992, denúncias de corrupção lideradas pelo próprio irmão do presidente, Pedro Collor, mergulharam o governo em uma crise terminal. A partir das revelações sobre a atuação de Paulo César Farias, o tesoureiro de campanha, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) comprovou o uso de “laranjas” para pagamento de contas pessoais de Collor.

O episódio do Fiat Elba comprado com dinheiro de origem ilícita simbolizou a ruína de sua imagem. Movimentos de rua, como os “caras-pintadas”, pressionaram o Congresso, que aprovou seu impeachment mesmo após sua tentativa de renúncia em dezembro de 1992.

Tentativas de renascimento político

Após anos de ostracismo, Collor retornou ao cenário político nos anos 2000. Tentou, sem sucesso, o governo de Alagoas em 2002 e 2010. Em 2006, conseguiu eleger-se senador e buscou reconstruir sua imagem, associando-se inicialmente ao governo Lula e, mais tarde, a Dilma Rousseff.

Entretanto, sua posição política mudaria novamente: votou pelo impeachment de Dilma em 2016 e, a partir de 2018, aproximou-se de Jair Bolsonaro, tornando-se um de seus aliados no Nordeste durante as eleições de 2022.

Prisão em 2025: o último desfecho

Em 2015, Collor já figurava entre os alvos da Operação Lava Jato. Investigações revelaram seu envolvimento em fraudes e desvios milionários na BR Distribuidora. Segundo o STF, Collor, com auxílio dos empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos, recebeu cerca de R$ 20 milhões para viabilizar contratos irregulares da subsidiária da Petrobras com a UTC Engenharia.

A condenação definitiva veio em 2023. Após tentativas protelatórias de recursos — embargos de declaração e embargos infringentes — rejeitadas pelo STF, Alexandre de Moraes decretou o trânsito em julgado da sentença e ordenou sua prisão imediata em abril de 2025.

Uma trajetória de extremos

A história de Fernando Collor é, talvez, uma das mais dramáticas da política brasileira contemporânea. De salvador da pátria a símbolo de corrupção, de pioneiro na modernização do Estado a prisioneiro condenado, Collor representa um Brasil que busca, entre avanços e retrocessos, reconstruir a confiança em suas instituições democráticas.

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