Em entrevista coletiva realizada em Praga, neste domingo (4), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que um cessar-fogo com a Rússia “é possível a qualquer momento”. Além disso, ele revelou que Kiev aguarda a chegada de 1,8 milhão de projéteis ainda em 2025, como parte de uma iniciativa tcheca de assistência militar.
Por que o cessar-fogo parece perto
Desde a invasão russa em fevereiro de 2022, o conflito permanece marcado por avanços e recuos de cada lado. Contudo, diversos fatores criam um ambiente propício para uma trégua:
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Pressão internacional: após a União Europeia ampliar sanções, Moscou encontra-se isolada economicamente.
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Cansaço militar: ambos os exércitos reportam desgaste logístico e elevado número de baixas.
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Mediação de terceiros: o presidente tcheco, Petr Pavel, e o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, retomaram diálogos paralelos.
Portanto, Zelensky vê uma janela para negociação, desde que a Rússia concorde em cessar ataques a infraestruturas civis e respeitar a soberania ucraniana.
O papel da assistência de projéteis tchecos
Enquanto isso, a entrega de 1,8 milhão de projéteis promete reforçar as defesas ucranianas. Nesse contexto:
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Reabastecimento de reservas: projéteis para artilharia e sistemas antitanque permitirão manter a linha de frente;
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Sustentação da ofensiva: munições adicionais são essenciais para contraofensivas planejadas ainda neste semestre;
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Impacto na diplomacia: ao garantir armamento suficiente, a Ucrânia aumenta seu poder de barganha nas mesas de negociação.
Consequentemente, a cooperação militar entre Praga e Kiev se torna exemplar no âmbito europeu.
Efeitos humanitários e o apelo por solidariedade
Entretanto, o custo humano segue preocupando:
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Civis deslocados ultrapassam 8 milhões, segundo a ONU;
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Infraestruturas críticas, como hospitais e escolas, continuam sob ataque;
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Ações do Tribunal Penal Internacional investigam possíveis crimes de guerra de ambos os lados.
Assim, Zelensky conclamou a comunidade internacional a intensificar o apoio humanitário, além da ajuda militar, garantindo acesso seguro para refugiados e corredores de socorro.
Desafios para a negociação de paz
Apesar das possibilidades, o caminho para um acordo definitivo enfrenta obstáculos:
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Condições de Putin: a Rússia insiste na neutralidade da Ucrânia e na entrega de territórios anexados em 2022;
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Garantias de segurança: Kiev requer compromissos formais de defesa, nos moldes da OTAN, sem adesão completa;
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Pressões domésticas: Zelensky lida com oposição interna que questiona concessões que possam ameaçar a integridade territorial.
Por fim, o sucesso de qualquer trégua dependerá de um compromisso mútuo com o respeito ao direito internacional e à integridade dos civis.
O que esperar nas próximas semanas
À medida que as negociações avançam, observa-se:
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Rodadas de diálogo em formatos bilaterais e multilaterais (Normandia, Genebra);
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Monitoramento de observadores da ONU para fiscalizar o cumprimento do armistício;
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Ações de reconstrução em áreas liberadas, financiadas por fundos europeus.
Enquanto isso, Zelensky prepara um novo apelo ao presidente Donald Trump, convidando-o a visitar a Ucrânia e reforçar o apoio estratégico americano a longo prazo.
O cessar-fogo anunciado por Zelensky não é apenas um suspiro em meio à guerra: é a faísca de uma oportunidade para pôr fim a um dos conflitos mais devastadores da era moderna. Contudo, somente o equilíbrio entre força militar e vontade diplomática garantirá que a trégua se torne duradoura.