Quem traz essa leitura é Ricardo Zúniga, ex-diplomata americano com passagem pelos governos Obama, Trump e Biden. Em 5 de abril de 2025, no programa WW Especial com William Waack, Zúniga destrinchou como mudanças sociais, econômicas e culturais vinham fermentando antes mesmo do segundo mandato de Trump. Ele foi o estopim, não o criador. Mas o que explica essa transformação? E por que ela ganhou força agora? Vamos explorar essa análise que conecta passado e presente em um país à beira do abismo.
O Fim da Guerra Fria e o Começo do Descontentamento
A transformação dos EUA não começou com Trump. Segundo Zúniga, o fim da Guerra Fria foi o ponto de virada. Os anos 90 trouxeram vitória contra o comunismo, mas também um custo alto. Milhões de americanos sem ensino superior ou acesso à tecnologia viram seus empregos sumir. A globalização encheu os cofres de alguns, mas deixou outros na lona. Ao mesmo tempo, a imigração mudou a cara do país. Para muitos, era como se a identidade nacional escorresse pelas mãos. “Os desafios são reais”, disse Zúniga. Ele vê ecos disso em outras democracias ocidentais. A confiança no sistema político começou a ruir ali.
A Crise de 2008: Uma Ferida que Não Cicatrizou
Então veio 2008. A crise financeira foi um soco no estômago. Zúniga chama o impacto de “dano incrível”. Casas foram tomadas por bancos. Empregos evaporaram. A imagem do “sonho americano” rachou. Para milhões, a recuperação nunca chegou de verdade. Esse vazio gerou raiva. Pessoas que confiavam no sistema começaram a questioná-lo. “A crise nunca foi superada”, observa Zúniga. Esse descontentamento virou terreno fértil. E foi aí que Barack Obama, um marco histórico, entrou em cena – trazendo esperança para uns e medo para outros.
Obama: Um Divisor de Águas Inesperado
A eleição de Obama em 2008 foi um símbolo de progresso. Primeiro presidente negro, ele inspirou uma geração. Mas Zúniga aponta um lado menos falado. Para alguns americanos, especialmente brancos da classe trabalhadora, Obama representou perda. Não era só política – era identidade. “Uma campanha social e cultural tomou forma”, explica o ex-diplomata. Enquanto muitos celebravam, outros sentiam o chão tremer. Esse desconforto cresceu em silêncio. Quer entender mais sobre essa polarização? Confira como a . Trump, anos depois, soube explorar essa brecha.
Trump: O Combustível de uma Nação Dividida
Quando Trump assumiu, ele não criou a divisão – apenas jogou lenha na fogueira. Zúniga destaca: a desconfiança já existia. Trump a amplificou com maestria. Seus discursos sobre imigrantes, elites e “América em primeiro” ecoaram em quem se sentia esquecido. Ele acelerou uma transformação que já estava em curso, diz o ex-diplomata. As tarifas recentes, debatidas no WW Especial, são só a ponta do iceberg. Abaixo da superfície, há uma batalha por identidade. “É tudo sobre quem somos agora”, resume Zúniga. E essa luta está redesenhando o mapa político americano.
Um Futuro Incerto em um País Partido
O que Trump acelerou não vai desacelerar tão cedo. Para Zúniga, os EUA vivem uma crise parecida com a de outros países ocidentais. Partidos tradicionais perdem força. A classe política é vista com desconfiança. Enquanto isso, questões de raça, classe e cultura dominam o debate. Trump pode ter saído do palco por um tempo, mas seu impacto segue vivo. O segundo mandato só reforça isso. Para onde vai essa transformação? Zúniga não arrisca um palpite. Mas uma coisa é certa: os EUA de hoje são um reflexo de décadas de tensões – e o jogo está longe de acabar.