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Presidente do Paraguai Exige Respeito do Brasil Após Denúncia de Espionagem pela Abin

Santiago Peña classifica caso como 'grave problema de Estado', suspende negociação crucial de Itaipu e cobra explicações formais de Brasília em meio a escalada de tensão.

por brunojorge
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A relação entre Brasil e Paraguai enfrenta um momento de séria turbulência. O presidente paraguaio, Santiago Peña, expressou profunda indignação e cobrou respeito de seu vizinho nesta sexta-feira (4 de abril de 2025), após virem à tona informações de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria realizado atividades de espionagem em território paraguaio. A reação foi imediata e contundente, incluindo a suspensão de negociações vitais sobre a usina de Itaipu, sinalizando uma crise diplomática que exige atenção urgente. Diante do escândalo, Peña exige respeito pela espionagem da Abin, elevando o tom das cobranças.

‘Problema de Estado’ que Transcende Relações Pessoais

Em declarações a jornalistas durante um evento oficial, Santiago Peña fez questão de separar a relação institucional da pessoal. Embora tenha reafirmado ter uma “excelente relação” pessoal com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele foi enfático ao classificar o episódio como um problema de outra magnitude.

“Não falei com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (…) Mas esse é um problema e é grave, que vai além do Peña ou do Lula, é um problema de Estado”, afirmou Peña, sublinhando que a questão afeta a relação entre as nações, independentemente de quem ocupe os cargos de liderança.

A exigência paraguaia é clara: um esclarecimento formal por parte do governo brasileiro sobre as supostas atividades de espionagem. “O que nós pedimos é que seja esclarecido”, reiterou o presidente.

Ferida Histórica Reaberta e a Sensibilidade Paraguaia

Peña também invocou um ponto extremamente sensível na memória coletiva de seu país: a Guerra do Paraguai (1864-1870), conflito devastador que envolveu Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai e dizimou grande parte de sua população masculina.

“Infelizmente essa atitude de um governo (…) abre uma velha ferida”, lamentou Peña, conectando a suposta violação de soberania atual com traumas históricos profundos. “O Paraguai ainda não se recuperou do que foi essa guerra fratricida.”

Essa referência histórica amplifica a gravidade da situação do ponto de vista paraguaio, adicionando uma camada emocional à crise diplomática.

Resposta Paraguaia: Ações Diplomáticas e Suspensão de Itaipu

Diante da gravidade das denúncias, o governo paraguaio agiu rapidamente e em múltiplas frentes:

  • Consulta ao Embaixador: Chamou seu embaixador em Brasília, Juan Ángel Delgadillo, de volta a Assunção para consultas.
  • Nota Formal: Entregou uma carta ao embaixador brasileiro em Assunção, José Antônio Marcondes, solicitando explicações formais sobre a suposta espionagem.
  • Investigação Interna: Iniciou apurações próprias para averiguar os fatos e a extensão das atividades de inteligência estrangeira.
  • Suspensão das Negociações de Itaipu: Congelou as discussões sobre a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que define as bases financeiras e de prestação de serviços de eletricidade da hidrelétrica binacional.

A suspensão das negociações de Itaipu é particularmente significativa, pois trata-se de um dos temas mais importantes e economicamente estratégicos da agenda bilateral. A renegociação do Anexo C é vital para o Paraguai, que busca melhores condições na venda de seu excedente de energia para o Brasil.

Ironia e Exigência Final por Respeito

Peña destacou a ironia da situação, mencionando que as atenções de segurança estavam voltadas para outras ameaças, como ataques cibernéticos supostamente vindos da China, quando a denúncia envolveu o país vizinho.

“Estávamos olhando para a China e hoje soubemos que nosso vizinho estava fazendo ações de espionagem contra nós”, comentou.

O presidente concluiu reforçando a posição de seu governo como uma defesa dos interesses nacionais, feita de maneira respeitosa, mas firme na exigência de reciprocidade. “Não é somente o governo de Santiago Peña, este é o governo do Paraguai que defende os interesses do Paraguai (…) mas também exigimos que haja respeito ao Paraguai”, finalizou.

A bola agora está com o governo brasileiro, de quem se espera uma resposta rápida e convincente para tentar conter a escalada desta crise diplomática com um parceiro fundamental na América do Sul. O episódio envolvendo a espionagem da Abin, que levou Peña a exigir respeito, coloca em xeque a confiança mútua e pode ter repercussões duradouras se não for adequadamente gerenciado.

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