Início » Apagão atinge Espanha e Portugal e põe em xeque a resiliência da rede ibérica

Apagão atinge Espanha e Portugal e põe em xeque a resiliência da rede ibérica

Queda simultânea em 28 de abril paralisa transportes e serviços essenciais

por Ifatos
4 minutos ler
Um+UM-
Reiniciar

Na manhã de 28 de abril de 2025, um blecaute de grandes proporções derrubou a energia elétrica em vastas áreas de Espanha e Portugal, deixando semáforos às escuras, trens imobilizados e aeroportos em modo de emergência. O evento começou por volta das 11h33 GMT (12h33 locais), quando uma queda brusca de frequência na malha de alta tensão interligada ao sistema europeu desencadeou o desligamento automático de linhas de 400 kV. Até o momento, as causas exatas permanecem em apuração por autoridades dos dois países, embora a hipótese de falha na interconexão e o possível ataque cibernético estejam sob análise.


Cronologia do blecaute

 

Horário (GMT) Evento
11h33 Frequência da rede cai abruptamente; sistema de proteção desarma linhas 400 kV
11h35 Semáforos e iluminação pública falham em cidades como Madrid e Lisboa
11h45 Trens e metrôs param; passageiros aguardam em túneis escuros
12h00 Aeroportos de Barajas e Humberto Delgado ativam geradores de emergência
12h30 Operadoras REN (PT) e Red Eléctrica Española iniciam investigação conjunta
15h00 Restauradores regionais do sul da França recebem energia de backup
18h00 Fontes oficiais apontam restabelecimento parcial — data plena incerta

Essa sequência mostra como o apagão na Península Ibérica evoluiu em menos de uma hora, transformando o cotidiano urbano em caos organizado.


Causas em investigação

Até agora, operadores e governos mantêm sigilo sobre a análise técnica, mas três linhas de investigação lideram as apurações:

  1. Falha na interconexão ENTSO-E
    Uma oscilação excessiva de frequência pode ter provocado o desligamento automático de linhas críticas, isolando a rede ibérica do resto da Europa.

  2. Erro humano ou de despacho
    Instruções incorretas de importação/exportação de energia entre subestações podem ter gerado desequilíbrio de carga, segundo especialistas em redes elétricas.

  3. Possível ciberataque
    Apesar de nenhuma evidência pública, as empresas não descartam ação maliciosa em sistemas SCADA — cenário que governantes consideram seriamente.

Enquanto isso, as equipes técnicas focam em restaurar a energia e coletar registros de eventos para subsidiar o laudo final.


Impactos imediatos

O apagão na Península Ibérica provocou transtornos em múltiplos setores:

  • Transportes: a Renfe cancelou trens de longa distância, e a CP em Portugal desviou composições. Metrôs de Madrid e Lisboa paralisaram entre 30 e 90 minutos.

  • Aeroportos: em Barajas e Humberto Delgado, passageiros enfrentaram filas no escuro por até três horas, com check-ins manuais e desligamento de esteiras.

  • Comércio: grandes redes como IKEA mantiveram portas fechadas ou operaram com geradores, permitindo apenas permanência interna até a normalização.

  • Serviços essenciais: hospitais ativaram grupos geradores, mas procedimentos eletivos foram adiados; data centers e caixas eletrônicos críticas ficaram sem energia.

  • Trânsito: engarrafamentos de até 20 km nas circunvalações M-30 e CRIL e registros de acidentes por falta de semáforos.

Esses impactos ressaltam a dependência extrema das infraestruturas críticas em sistemas de energia ininterrupta.


Resposta dos governos

O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, afirmou em entrevista que a origem do problema não foi em território nacional e que a expectativa é restabelecer parte da rede ainda hoje. Já o governo espanhol agendou reunião de emergência do gabinete para avaliar a situação e garantiu que “não há registro de incidente civil” além do apagão. Enquanto isso, a Comissão Europeia pediu relatório preliminar à ACER em até 24 h.


Contexto e vulnerabilidades da rede

A rede ibérica possui apenas 3 GW de capacidade de interligação com o resto da Europa — um terço da meta recomendada —, o que a torna sensível a oscilações bruscas de carga. Além disso:

  • Grande penetração de fontes renováveis sem armazenamento adequado amplifica variações de frequência.

  • Linhas de 400 kV, projetadas há décadas, carecem de sensores de vibração e monitoramento em tempo real.

  • Dependência de protocolos SCADA legados expõe a rede a riscos cibernéticos.

Jan Wouters, engenheiro de redes da ENTSO-E, afirma: “Devemos integrar mais sensores inteligentes e reforçar a malha de interconexão para evitar que oscilações locais provoquem blecautes continentais.”


Lições de eventos anteriores

Grandes blecautes em 2003 (EUA/Canadá) e 2006 (Europa Ocidental) mostraram que:

  • Árvores em linhas podem derrubar sistemas inteiros;

  • Sobrecarga de terminais sem resposta manual pode levar ao efeito dominó;

  • Cibersegurança passou a ser prioridade após casos recentes de ransomware em subestações.

Por conseguinte, a UCTE revisou normas para desligamento controlado e criou protocolos de emergência intergovernamentais.


Caminhos para maior resiliência

Para evitar repetição, especialistas propõem:

  1. Ampliação da interligação: instalar 7 GW adicionais de cabos submarinos com França.

  2. Armazenamento de energia: investir em baterias de grande escala e hidrogênio verde.

  3. Sensores IoT: monitorar tensão e vibração em tempo real.

  4. Testes de corte: simular blecautes para treinar procedimentos de restabelecimento.

  5. Fortalecimento de cibersegurança: implementar autenticação multifator e segmentação de redes SCADA.

Além disso, a criação de um Mecanismo Europeu de Coordenação Energética garantiria resposta ágil a incidentes transfronteiriços.

Aprendizado e urgência

O apagão na Península Ibérica expôs fragilidades históricas e novas ameaças. Embora a causa final ainda aguarde laudo, a resposta imediata demonstrou a importância de:

  • Transparência nas investigações;

  • Cooperação entre operadoras de diferentes países;

  • Investimentos em infraestrutura de interligação e armazenamento.

Enquanto redes crescem em complexidade, a resiliência energética se torna pilar de segurança nacional. Portanto, resta aos governos converter lições em ações concretas, evitando que um simples desarme de linhas 400 kV gere o próximo grande apagão europeu.

Você também pode gostar

Deixe um comentário

* Ao usar este formulário, você concorda com o armazenamento e o manuseio dos seus dados por este site.

Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Siga nosso Insta

Ifatos - Notícias Atualizadas, Informação Confiável e Jornalismo de Qualidade.

Notícias em tempo real, com credibilidade e imparcialidade. Fique por dentro dos fatos mais importantes do Brasil e do mundo.

Newslatter

Assine nossa Newsletter

© 2025 – Todos os direitos reservados. Projetado e desenvolvido com Amor ❤️

Are you sure want to unlock this post?
Unlock left : 0
Are you sure want to cancel subscription?

Adblock detectado

Por favor, apoie-nos desabilitando a extensão AdBlocker do seu navegador para o nosso site.