Neste sábado (19), em Macau, o brasileiro superou o chinês Wang Chuqin por 4 sets a 3 e garantiu sua vaga inédita na final da Copa do Mundo — feito jamais alcançado por um atleta do país na modalidade.
Como Hugo Calderano virou o jogo contra um dos maiores nomes do tênis de mesa
Calderano começou a partida impondo ritmo e venceu o primeiro set. Mas Wang — bicampeão olímpico em Paris 2024 — respondeu com três vitórias consecutivas, deixando o placar em 3 a 1. A maioria dos analistas já dava o jogo como encerrado. Mas o brasileiro surpreendeu: com foco inabalável e variações precisas de saque e efeito, venceu os últimos três sets e selou uma virada histórica por 4 a 3.
“Foi uma batalha mental. Quando fiquei atrás, decidi lutar ponto a ponto. Não pensei no placar, só na próxima jogada”, disse Calderano em entrevista após o jogo.
Essa vitória simboliza mais do que um avanço esportivo — ela representa um momento de inflexão para o tênis de mesa nacional, tradicionalmente ofuscado pelas potências asiáticas.
Rumo à final: vitória sobre Harimoto consolidou a melhor fase da carreira
Na sexta-feira (18), Calderano já havia deixado claro que sua campanha em Macau não era por acaso. Enfrentando o japonês Tomokazu Harimoto, venceu por 4 a 1 com consistência técnica e mentalidade agressiva. As parciais de 8/11, 11/8, 11/8, 11/8 e 12/10 mostraram domínio tático e capacidade de adaptação — dois fatores que o colocam entre os grandes nomes da atualidade.
Harimoto, considerado um dos atletas mais promissores da nova geração asiática, foi neutralizado pelas jogadas profundas e o controle de ritmo do brasileiro.
O impacto histórico da campanha de Calderano
Historicamente, o Brasil sempre esteve à margem das decisões em torneios mundiais de tênis de mesa. Até então, os melhores resultados vinham de fases intermediárias. A presença de Calderano na final rompe um ciclo de exclusão e projeta o país como competidor real no circuito internacional.
Desde os anos 1990, a hegemonia chinesa ditava o tom nas grandes competições. Mas o avanço do brasileiro mostra que é possível desestabilizar esse domínio — algo que também pode influenciar políticas públicas de fomento ao esporte no Brasil.
“Não se trata apenas de um jogo. É sobre mostrar que podemos competir de igual para igual com qualquer um no mundo”, afirmou o técnico francês Stéphane Hucliez, que acompanha Calderano desde as categorias de base.
O que esperar da final e os próximos passos
Com a moral elevada e a confiança em alta, Calderano se prepara para encarar a final contra outro adversário de peso — possivelmente o também chinês Fan Zhendong. O desafio é imenso, mas o brasileiro chega embalado por vitórias sobre dois gigantes asiáticos.
Independentemente do resultado, Calderano já deixou um legado. Seu desempenho pode abrir portas para novas gerações e atrair investimentos no esporte. É o tipo de virada que transcende quadras e se transforma em símbolo nacional de superação.