Um clube operário que carrega o interior da Argentina no peito
O Central Córdoba estreia na Copa Libertadores da América com um desafio gigante: encarar o Flamengo, multicampeão e favorito ao título, dentro do Maracanã, nesta quarta-feira (9). Mas não se engane com o nome — o time não é da cidade de Córdoba, e sim de Santiago del Estero, no norte argentino, uma das regiões menos visadas do futebol profissional do país.
Fundado em 1919 por operários da ferrovia que conectava Santiago a Córdoba, o clube tem raízes populares e um legado que vai muito além das quatro linhas. Essa origem explica o nome da equipe e também a mística que a cerca: a de um time do povo que carrega nas costas o orgulho de um interior muitas vezes esquecido.
O “Primeiro Grande do Interior” volta a brilhar
A trajetória do Central Córdoba no futebol argentino é repleta de altos e baixos. Mas em 1967, o clube entrou para a história ao se tornar o primeiro do interior a derrotar o Boca Juniors na Bombonera, o que lhe rendeu o apelido de “El Primer Grande del Interior”. Quatro anos depois, caiu para a segunda divisão e passou décadas fora da elite.
Foi só em 2019, exatos 48 anos depois, que o clube voltou à primeira divisão argentina, onde permanece desde então. Sua ascensão culminou em um feito histórico no ano passado: o título da Copa Argentina, que o levou à inédita participação na Libertadores.
Campanha épica na Copa Argentina e vaga internacional inédita
A vaga no torneio continental veio com uma campanha surpreendente. O Central Córdoba superou gigantes como Estudiantes, Newell’s Old Boys, Huracán e, na final, derrotou o Vélez Sarsfield por 1 a 0. Com esse resultado, o clube de orçamento modesto conquistou o direito de disputar a Libertadores, caindo em um grupo dificílimo com Flamengo, LDU e Deportivo Táchira.
Elenco modesto, mas com alma de guerreiros
Se a folha salarial é uma das mais baixas da competição, a vontade de competir não deixa a desejar. O elenco atual é avaliado em 13,7 milhões de euros (cerca de R$ 85 milhões) — menos do que um jogador como Gerson ou Pedro do lado flamenguista.
Destaque para o jovem atacante Luis Miguel Angulo, de 21 anos, que pertence ao Talleres, e o experiente Iván Pillud, ex-Racing. No comando, o técnico Omar de Felippe aposta em uma equipe compacta e determinada a dificultar a vida dos favoritos.
Provável escalação:
Alan Aguerre; Santiago Moyano, Lucas Abascia, Lautaro Rivero, Braian Cufré; Jonathan Galván, Iván Gómez, José Florentín; Matías Parello, Leonardo Heredia, Luis Miguel Angulo.
Um duelo de contrastes no Maracanã
O confronto entre Flamengo e Central Córdoba representa muito mais do que uma partida de futebol. De um lado, o clube brasileiro avaliado em mais de R$ 1 bilhão, com estrelas como Arrascaeta, Pedro e De La Cruz. Do outro, um time de interior que carrega a esperança de uma cidade inteira e de um país que ainda valoriza histórias de superação.
A bola rola às 21h30 (horário de Brasília), com transmissão para todo o Brasil. E se o favoritismo está do lado rubro-negro, a imprevisibilidade da Libertadores continua sendo o ingrediente que torna este torneio o mais apaixonante do continente.