Tarifaço dos EUA pressiona os mercados globais
Desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou em 2 de abril um ambicioso pacote de tarifas sobre importações de diversos países — incluindo o Brasil —, os mercados emergentes vêm sofrendo fortes turbulências. A principal vítima no Brasil tem sido o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, que já acumula queda de 3% desde o anúncio.
O temor é de que o tarifaço, como já vem sendo chamado, desencadeie uma nova guerra comercial em escala global, capaz de sufocar o comércio internacional, elevar os custos de produção e abalar ainda mais a confiança dos investidores. A bolsa brasileira, sensível ao cenário externo, tem sentido o impacto de forma direta.
Até onde o Ibovespa pode cair?
De acordo com especialistas do mercado financeiro, caso o ambiente de aversão ao risco continue, o Ibovespa pode recuar ainda mais, atingindo o patamar dos 118.500 pontos — o que representaria uma correção mais acentuada frente aos 125.000 pontos registrados recentemente.
Essa projeção leva em conta a continuidade do estresse no cenário internacional, agravado pela incerteza fiscal no Brasil, a queda no preço das commodities e a alta do dólar. O índice, que vinha em trajetória de recuperação desde o início do ano, agora vê um novo piso se desenhar caso os desdobramentos da política protecionista americana se intensifiquem.
“Estamos diante de um movimento de correção natural, mas que pode se aprofundar se a guerra comercial continuar escalando”, afirma o economista Carlos Fontes, da Oaktree Capital. “O Ibovespa encontra suporte técnico próximo dos 118.500 pontos, mas a perda desse nível pode abrir espaço para quedas ainda maiores.”
Reação dos investidores
A notícia do tarifaço não caiu bem entre os investidores. Desde o anúncio, o volume de vendas de ações aumentou, e o fluxo estrangeiro tem se mostrado mais conservador. Com o dólar rondando os R$ 6,00 e os juros futuros em alta, o clima de cautela predomina.
Além disso, setores como siderurgia, agronegócio e papel e celulose — todos fortemente ligados à exportação — estão entre os mais penalizados. Isso porque a nova estrutura tarifária dos EUA pode reduzir significativamente a competitividade desses segmentos no mercado internacional.
Impacto nos indicadores econômicos
Além do impacto direto no Ibovespa, a nova política tarifária de Trump também pode afetar:
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A cotação do dólar, que já opera em forte alta;
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A inflação, que tende a subir com o encarecimento de produtos importados;
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O crescimento econômico, que pode ser freado pelo ambiente de incerteza e pela queda de investimentos.
Em um cenário de guerra comercial prolongada, a desaceleração global tende a impactar diretamente a economia brasileira, que já enfrenta desafios internos.
Perspectivas para os próximos dias
O mercado agora acompanha atentamente os próximos passos de Trump e eventuais reações dos países afetados, como a China, a União Europeia e o Brasil. Qualquer sinal de diálogo pode ajudar a amenizar a tensão. Por outro lado, uma nova rodada de retaliações pode agravar ainda mais o quadro.
Enquanto isso, analistas recomendam cautela ao investidor, com foco na diversificação de carteira e proteção de patrimônio.
