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Guerra Comercial em Ponto Crítico: Casa Branca Sinaliza Otimismo para Acordo, Enquanto China Desdenha Tarifas e Xi Diz ‘Não Ter Medo’

Declarações conflitantes marcam novo capítulo da crise, com tarifas em níveis recordes (145% vs 125%) e retórica desafiadora de ambos os lados; Possibilidade de diálogo real é questionada em meio à hostilidade máxima.

por Ifatos
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No ápice de uma escalada tarifária que levou as taxas a níveis quase proibitivos, o governo dos Estados Unidos e a liderança chinesa trocaram, nesta sexta-feira (11 de abril de 2025), declarações que expõem uma profunda dissonância e aumentam a incerteza sobre os rumos da guerra comercial. Enquanto a Casa Branca, através de sua secretária de imprensa, Karoline Leavitt, afirmava que o presidente Donald Trump está “otimista” sobre a possibilidade de um acordo com Pequim, a China respondia com desdém, classificando as tarifas americanas como um “jogo de números” e uma “piada”. Para completar o quadro de sinais trocados, o presidente chinês, Xi Jinping, em seus primeiros comentários públicos sobre a nova crise, adotou um tom desafiador, afirmando que seu país “não tem medo” da pressão externa. Esse embate retórico ocorre justamente quando as tarifas americanas sobre produtos chineses atingem 145% e Pequim se prepara para impor sua própria taxa de 125% a partir deste sábado (12).

A Mensagem da Casa Branca: Otimismo Genuíno ou Tática de Pressão?

A declaração de Karoline Leavitt de que Trump está “aberto a um acordo” e “otimista” surge em um momento de máxima tensão econômica. Após uma semana de escaladas recíprocas que culminaram na confirmação da tarifa americana total de 145%, essa sinalização pode ser interpretada de diversas maneiras:

  • Pressão Máxima + Abertura: Pode ser uma tática clássica de negociação: aplicar pressão extrema (com as tarifas) e, simultaneamente, sinalizar uma porta aberta para conversas, colocando o ônus sobre o outro lado.
  • Mensagem para Aliados/Mercados: Uma tentativa de acalmar os mercados domésticos e os parceiros internacionais, preocupados com as consequências de uma guerra comercial descontrolada.
  • Controle de Narrativa: Posicionar os EUA como dispostos a negociar, culpando a China por uma eventual falta de acordo, especialmente se Pequim mantiver sua postura retaliatória – como Leavitt advertiu: “Se a China continuar retaliando, isso não será bom para ela”.

Contudo, a credibilidade desse otimismo é questionada diante da magnitude sem precedentes das tarifas impostas.

A Resposta Chinesa: Desdém Oficial, Firmeza Presidencial

A China respondeu em duas frentes, ambas rejeitando a pressão americana:

  1. Ministério do Comércio: Adotou um tom de desdém, classificando as tarifas de 145% como um “jogo de números” sem “real significado econômico”. Acusou os EUA de usar tarifas como “arma para intimidação e coerção”, transformando a política comercial em uma “piada”. Essa linha busca minimizar o impacto das ações americanas e deslegitimar a tática de Trump.
  2. Presidente Xi Jinping: Em encontro com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, Xi adotou uma postura de firmeza estratégica e desafio. Suas declarações (“não tem medo”, “autossuficiência”, “nenhuma repressão injusta”, “focar nos próprios assuntos”) visam projetar força interna e externamente. Ao afirmar que “não há vencedores em uma guerra comercial” e que “ir contra o mundo só levará ao autoisolamento”, Xi também busca angariar apoio internacional contra o que a China percebe como unilateralismo americano.

Essa combinação de desdém técnico com desafio presidencial sinaliza que Pequim não pretende capitular facilmente à pressão tarifária.

Tarifas Como Teatro Político? O Debate sobre o ‘Jogo de Números’

A acusação chinesa de que as tarifas se tornaram um “jogo de números” levanta um ponto pertinente. Com taxas de 125% e 145%, o impacto econômico marginal de novos aumentos pode ser limitado – o comércio de muitos bens já se torna inviável. Nesse patamar, as tarifas funcionam menos como um instrumento de política comercial para ajustar preços relativos e mais como:

  • Sinalização Política: Uma demonstração de força e determinação.
  • Ferramenta Disruptiva: Forçando um desacoplamento econômico e a reconfiguração de cadeias de suprimentos.
  • Arma de Pressão: Buscando infligir dor econômica máxima para forçar concessões em outras áreas (políticas ou estratégicas).

A questão é se essa estratégia de “terra arrasada” tarifária é sustentável ou se acabará prejudicando a própria economia americana tanto quanto (ou mais que) a chinesa.

Existe Realmente um Caminho para o Acordo?

Diante de posições tão antagônicas e tarifas tão extremas, a “porta aberta” mencionada pela Casa Branca parece estreita e de difícil acesso. Para que um acordo se materialize, seria necessário um recuo significativo de ambos os lados:

  • Os EUA teriam que reduzir drasticamente suas tarifas de 145%.
  • A China teria que retirar suas tarifas retaliatórias (incluindo a de 125% que entra em vigor amanhã) e, provavelmente, oferecer concessões em áreas sensíveis para os EUA (propriedade intelectual, subsídios estatais, acesso a mercados).

O abismo entre as posições atuais e um ponto de equilíbrio parece imenso, e a retórica inflamada de ambos os lados não contribui para construir a confiança necessária para negociações frutíferas.

Dissonância Perigosa na Guerra Comercial

O atual estágio da guerra comercial EUA-China é marcado por uma perigosa dissonância cognitiva. Ações de hostilidade econômica extrema coexistem com declarações de otimismo para um acordo. Retórica desafiadora e de autoconfiança de Pequim se choca com advertências de Washington. Esse cenário confuso e contraditório torna impossível prever os próximos passos com segurança.

Resta saber se a sinalização de abertura da Casa Branca é um blefe tático ou um desejo genuíno de encontrar uma saída após levar a situação ao limite. A resposta da China, até agora, sugere que o caminho da pressão máxima pode encontrar resistência igualmente máxima. O mundo observa, apreensivo, esta guerra de palavras e tarifas, cujas consequências se estendem muito além das fronteiras das duas superpotências.

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