Uma trégua possível?
Em declaração oficial, o porta-voz do governo dos EUA descreveu o momento como “delicado, mas promissor”.
“Estamos indo bem. Ainda há divergências, mas também há clareza de que um colapso nas relações comerciais traria prejuízos inaceitáveis para ambos os lados.”
As conversas ocorrem após uma série de trocas de tarifas que acirraram o cenário global: os EUA elevaram impostos sobre dezenas de setores chineses; Pequim respondeu com tarifas em setores-chave da economia americana, como alimentos, tecnologia e energia.
O que está em negociação?
Embora os detalhes permaneçam confidenciais, fontes diplomáticas indicam que os principais pontos das 18 propostas incluem:
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Agronegócio: os EUA tentam ampliar acesso ao mercado chinês para exportações de grãos, carnes e biocombustíveis.
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Tecnologia e chips: Washington exige limites à transferência de propriedade intelectual; Pequim cobra menos restrições em semicondutores.
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Propriedade intelectual: foco em mecanismos que garantam mais proteção a empresas americanas.
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Investimentos e digitalização: as partes discutem regras para fintechs, plataformas digitais e moedas digitais.
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Comércio verde: busca de acordos em biotecnologia, energia limpa e controle de emissões.
Contexto: a volta do pragmatismo
A nova rodada de conversas é vista por analistas como um retorno ao pragmatismo diplomático — uma tentativa de reconstruir pontes em meio ao colapso parcial da confiança bilateral. Embora a retórica do governo Trump continue agressiva, o envio da missão a Pequim indica que os custos da confrontação estão pesando mais que os ganhos políticos da hostilidade.
Desde a imposição das tarifas, instituições como o FMI e o Banco Mundial alertaram para uma desaceleração no comércio global, inflação prolongada e redução no fluxo de investimentos. A crise também afeta diretamente cadeias de suprimento industriais e agrícolas nos dois países.
Efeitos colaterais no Brasil e no mundo
Países emergentes como o Brasil acompanham de perto os desdobramentos. A continuidade da guerra comercial pode gerar oportunidades para exportadores brasileiros — principalmente no agronegócio — mas também acarreta riscos de instabilidade nos mercados de commodities, câmbio e logística.
Em especial, o Brasil pode se beneficiar de lacunas criadas na rota EUA-China, oferecendo alternativas em áreas como proteína animal, grãos, lítio, fertilizantes e bioenergia.
Ao mesmo tempo, se a tensão crescer, os efeitos negativos sobre o comércio global e o dólar podem prejudicar a balança comercial e a política monetária de países que dependem fortemente de exportações.
O que esperar nos próximos meses?
Não há previsão de anúncio formal nos próximos dias. As negociações devem se estender ao longo do trimestre, com expectativa de uma reunião de alto nível em Washington até o início do verão no hemisfério norte. Fontes ligadas ao Departamento de Estado indicam que a construção de um acordo pode ser fragmentada, com avanços setoriais em vez de um tratado único e abrangente.