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Em tempos de tarifas e tensões, Brasil e China ampliam alianças estratégicas

Guerra comercial entre EUA e China acelera diplomacia econômica entre Brasília e Pequim. Comércio atinge recorde, nova rota marítima é criada e acordos no agronegócio avançam

por Ifatos
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Recorde comercial e salto nas importações

Entre janeiro e março deste ano, o comércio bilateral entre Brasil e China somou US$ 38,8 bilhões, o maior valor já registrado no período. As exportações brasileiras somaram US$ 19,8 bilhões, enquanto as importações da China atingiram US$ 19 bilhões — um crescimento expressivo puxado por setores estratégicos.

Um dos destaques foi a importação de plataformas e estruturas flutuantes. Após quatro anos sem aquisições, o Brasil voltou a comprar plataformas chinesas, movimentando US$ 2,7 bilhões — um salto em relação aos modestos US$ 4 milhões importados ao longo de 2024.


Trump impõe tarifas, e o Brasil ganha margem de manobra

Na última sexta-feira (18), os Estados Unidos impuseram novas tarifas sobre navios chineses, justificando a medida como necessária para proteger sua indústria naval. O gesto reacendeu tensões comerciais e fortaleceu o interesse de Pequim em ampliar relações com países parceiros — como o Brasil.

Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, esse novo cenário tem acelerado acordos com os chineses, sobretudo no setor agroexportador.

“Há sim a expectativa de ampliação dos negócios com a China”, afirmou Fávaro.


Diplomacia agrícola avança com apoio da China

Na última semana, representantes do Ministério da Agricultura da China estiveram em Brasília para encontros com autoridades brasileiras. E no próximo dia 22, o governo brasileiro se reúne com o GACC — órgão responsável pela regulamentação alfandegária chinesa — para debater a redução da burocracia na aprovação de produtos biotecnológicos.

Na pauta estão sementes geneticamente modificadas, alimentos com edição gênica e outros itens cuja liberação pode ser acelerada diante da nova conjuntura internacional.


Lula prepara visita a Pequim com comitiva de peso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve visitar a China em maio. Como parte da preparação, ministros e técnicos brasileiros já iniciaram tratativas em solo chinês. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já desembarcou no país. O chefe da Casa Civil, Rui Costa, deve chegar nos próximos dias.

A missão: estreitar acordos estratégicos em áreas como energia, tecnologia, infraestrutura e exportações agrícolas.


Nova rota marítima conecta diretamente os dois países

Na quinta-feira (17), o Brasil inaugurou uma nova rota marítima direta com a China, ligando o Porto de Gaolan, em Zhuhai, aos portos de Santana (Amapá) e Salvador (Bahia).

Segundo o Ministério de Portos e Aeroportos, o novo corredor facilita o escoamento de commodities agrícolas e minerais e diminui a dependência logística de rotas controladas por outros mercados.


Brics propõem Bolsa de Grãos e desafiam hegemonia do dólar

Outro movimento de impacto ocorreu na reunião do Grupo de Trabalho de Agricultura do Brics, em Brasília. O bloco — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — declarou apoio à proposta russa de criação de uma Bolsa de Grãos própria, com o objetivo de reduzir a dependência das bolsas americanas (como a CBOT e a KCBT) e das transações em dólar.

A proposta prevê a valorização da produção local, adoção de novas referências de preço e integração comercial entre os países do bloco. Também está em curso um plano de investimentos conjuntos em pesquisa, inovação e desenvolvimento de maquinário agrícola adaptado a realidades regionais.


O Brasil ganha espaço, mas caminha sobre corda bamba

A intensificação dos laços entre Brasil e China não passa despercebida pelos Estados Unidos. Ao fortalecer sua parceria com Pequim em plena guerra comercial, o governo brasileiro aumenta sua influência internacional, mas também se vê diante de um desafio: manter o equilíbrio diplomático entre as duas maiores potências do planeta.

Analistas alertam que o país precisa agir com cautela para não comprometer sua relação com Washington — especialmente em áreas como defesa, tecnologia e investimentos estratégicos.

Ainda assim, o momento é visto como uma oportunidade única para o Brasil reposicionar sua política externa e aproveitar os espaços deixados pelos atritos globais para ampliar sua relevância comercial e geopolítica.

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