Nova escalada entre EUA e China derruba mercados mundiais
O início da semana foi marcado por um cenário de instabilidade global. A tensão entre Estados Unidos e China voltou a se intensificar após o presidente Donald Trump anunciar novas tarifas de importação, o que provocou um efeito dominó nos principais mercados financeiros do planeta. No Brasil, o reflexo imediato foi a disparada do dólar, que atingiu R$ 5,92, e uma queda acentuada do Ibovespa, que chegou a recuar mais de 2%.
Volatilidade domina os mercados
A forte oscilação nos mercados foi potencializada por rumores conflitantes vindos da Casa Branca. Enquanto o assessor Kevin Hassett sugeriu que Trump poderia suspender as tarifas por 90 dias (com exceção da China), a própria Casa Branca logo desmentiu a informação, classificando-a como “notícia falsa”.
Esse vai-e-vem aumentou a percepção de risco dos investidores, resultando em vendas generalizadas de ativos em todas as regiões.
Wall Street flerta com o bear market
Nos Estados Unidos, os principais índices operaram sob forte pressão. O S&P 500 chegou a cair mais de 4,5%, aproximando-se perigosamente do bear market — quando há desvalorização superior a 20% em relação ao último pico. O Dow Jones recuou 1,43%, enquanto o Nasdaq teve perdas de quase 5% no início do pregão.
O índice VIX, que mede a volatilidade do mercado, atingiu os maiores níveis desde a pandemia de Covid-19, refletindo o medo generalizado dos investidores.
Europa também sente o impacto da crise
Na Europa, o índice STOXX 600 caiu 4,2%, registrando seu menor nível em 16 meses. As preocupações com uma possível recessão aumentaram, especialmente depois que Trump reafirmou que não pretende recuar em sua estratégia de guerra comercial até que o déficit dos EUA com a China seja resolvido.
“Trump parece confortável com a reação negativa do mercado e decidido a seguir firme com sua política de confronto”, avaliou Richard Flax, diretor de investimentos da Moneyfarm.
A União Europeia, por sua vez, cogita aplicar tarifas retaliatórias sobre US$ 28 bilhões em produtos americanos.
Pior queda em décadas na Ásia
O Hang Seng, principal índice da Bolsa de Hong Kong, desabou 13,22% — a maior queda desde 1997. O índice CSI300, da China, também teve um recuo expressivo de 7,05%. O governo chinês chegou a intervir diretamente, por meio de investidores estatais, para conter o pânico.
Petróleo despenca com temor de recessão
O mercado de commodities também foi afetado. Os preços do petróleo Brent recuaram para US$ 64,34, e o barril do WTI caiu para US$ 60,77, ambos nos menores níveis desde abril de 2021. A expectativa de queda na demanda, somada ao aumento da oferta promovido pela OPEP+, derrubou ainda mais os preços.
Na semana anterior, as perdas do Brent e do WTI já haviam sido superiores a 10%, demonstrando o impacto direto das tensões comerciais no consumo global de energia.
Criptomoedas seguem a tendência negativa
Nem mesmo o mercado de criptomoedas escapou do colapso. O Bitcoin recuou mais de 7%, sendo negociado a US$ 76.712, bem abaixo da faixa dos US$ 80 mil, impulsionada pela eleição de Trump. Já o Ethereum (ETH) e o Solana (SOL) caíram cerca de 10%, enquanto o XRP (Ripple) teve baixa de quase 7%.
cenário é de cautela global
A combinação entre incerteza política, guerra comercial e ausência de sinais de recuo por parte de Trump deixou os mercados em estado de alerta máximo. Enquanto isso, os investidores aguardam possíveis reações de Pequim, que pode adotar medidas de estímulo para proteger sua economia e exportações.
O ambiente continua volátil e sujeito a reviravoltas rápidas, o que exige cautela de quem opera nos mercados — sejam eles locais ou globais.