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China responde à guerra comercial com vídeo contundente e convoca o mundo a resistir à hegemonia dos EUA

Em mensagem pública inédita, governo chinês rejeita pressão tarifária de Trump, critica "intimidação econômica" e evoca solidariedade global contra o que chama de imperialismo disfarçado

por Ifatos
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A escalada da guerra comercial entre China e Estados Unidos alcançou um novo e simbólico patamar.
Nesta semana, o Ministério das Relações Exteriores da China publicou um vídeo institucional, narrado em inglês e legendado em chinês, no qual acusa diretamente o governo do presidente Donald Trump de praticar intimidação econômica, conclamando outras nações a se oporem ao que chamou de hegemonia norte-americana disfarçada de livre mercado.

“Curvar-se a um valentão é como beber veneno para matar a sede — só aprofunda a crise”, diz o vídeo, publicado no perfil oficial da chancelaria chinesa na plataforma Weibo e distribuído via redes sociais internacionais como X e YouTube.

A peça visual marca um dos mais agressivos posicionamentos públicos da diplomacia chinesa contra os EUA desde o início da guerra comercial, em 2018. A linguagem firme e simbólica deixa claro que a disputa deixou de ser meramente tarifária — e agora assume contornos de uma batalha global por legitimidade política e econômica.

A origem do confronto: tarifas, retaliações e mudança de tom

Desde seu retorno à presidência em 2024, Trump intensificou sua agenda protecionista, aumentando tarifas sobre mais de US$ 300 bilhões em importações chinesas, com alíquotas chegando a 145% para setores considerados estratégicos, como semicondutores, baterias de lítio e equipamentos de energia.

Pequim reagiu com tarifas de até 125% sobre produtos agrícolas e industriais norte-americanos, especialmente carne bovina, soja, milho e veículos.
Ambos os países suspenderam acordos anteriores firmados na fase um da guerra comercial (2020) e abandonaram negociações técnicas iniciadas sob o governo Biden.

A retórica chinesa, até então contida e diplomática, mudou de tom após a inclusão de empresas chinesas em novas listas de sanções americanas e a suspensão de negociações multilaterais no âmbito da OMC lideradas por Washington.

O vídeo como instrumento de guerra simbólica

O vídeo, de 3 minutos e 22 segundos, utiliza imagens de arquivos, mapas e efeitos visuais dramáticos para transmitir a ideia de um “choque de civilizações” entre o poder coercitivo americano e a resistência chinesa.
Além disso, menciona nominalmente casos históricos usados como exemplos de “ataques econômicos do Ocidente”:

  • A Toshiba, empresa japonesa que sofreu sanções e perda de mercado após investigações de espionagem nos anos 1980;

  • A Alstom, conglomerado francês cujas operações nucleares foram parcialmente absorvidas pela General Electric após acusações legais nos EUA;

  • A própria crise econômica japonesa, que segundo o vídeo, foi “induzida por pressões externas”.

A mensagem finaliza com frases fortes:

“A China não se ajoelhará. Defender a si mesmo é manter viva a possibilidade de cooperação. Quando o mundo se une, os EUA são apenas um pequeno barco encalhado.”

A escolha por utilizar o inglês como idioma principal da narração evidencia que o público-alvo não é o cidadão chinês, mas sim a comunidade internacional, especialmente países emergentes e membros do Sul Global.

Reações internacionais e diplomacia paralela

O vídeo foi divulgado poucos dias após o presidente Trump afirmar, durante um comício em Michigan, que “as tarifas ainda vão ensinar uma lição à China” e que “outros países fariam bem em se alinhar aos EUA”.
A Casa Branca, por sua vez, recuou parcialmente, com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmando que as tarifas “ainda são sustentáveis por pouco tempo” e que “há interesse em retomar diálogo, se a China fizer uma boa proposta”.

Pequim, no entanto, nega publicamente que haja conversas comerciais ativas, e acusa Washington de agir de forma incoerente, ao abrir negociações paralelas com 17 outros países durante a chamada “janela de 90 dias” de suspensão tarifária.

Entre os países mencionados estão aliados tradicionais dos EUA como Alemanha, Coreia do Sul, México e Reino Unido — muitos dos quais estão sob pressão para escolher lados em meio à crescente rivalidade geopolítica.

A estratégia chinesa: reposicionar-se como alternativa global

Para analistas, a China está tentando se posicionar não apenas como contraponto aos EUA, mas como líder moral e econômica de um novo modelo multipolar, defendendo:

  • Relações comerciais mais simétricas, com ênfase no multilateralismo;

  • Infraestrutura de investimento global independente via Belt and Road Initiative (BRI);

  • Soberania digital e energética sem interferência externa;

  • Cooperação com blocos como BRICS, RCEP e ASEAN+.

A linguagem utilizada no vídeo — “dar um passo à frente, tocha na mão, para dissipar a névoa” — se alinha a essa narrativa. É uma tentativa de demonstrar resiliência, continuidade e liderança ética, em oposição ao que Pequim considera o comportamento “instável, unilateral e volátil” da administração Trump.

Mais do que comércio, uma disputa por poder global

A guerra comercial entre Estados Unidos e China ultrapassou as tarifas e se tornou uma disputa estrutural por influência e valores.
O vídeo divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da China marca uma virada simbólica na forma como o país escolhe se comunicar com o mundo — mais direta, combativa e assertiva.

Em vez de se limitar a retaliações econômicas, a China agora investe em construção narrativa, diplomacia pública e alianças estratégicas para moldar a nova ordem global.

Para o restante do mundo, o desafio é claro: resistir à pressão de escolher lados ou buscar uma terceira via que evite fragmentação e preserve a cooperação global — num momento em que o comércio internacional, a tecnologia e a geopolítica estão mais interligados do que nunca.

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