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Volatilidade Extrema: Dólar Despenca de R$ 6,09 para R$ 5,84 e Bolsa Sobe com Anúncio Errático de Trump sobre Tarifas

ercados globais reagem com alívio momentâneo à 'pausa' tarifária para alguns países, mas movimento brusco expõe nervosismo e incerteza profundos gerados por guerra comercial e decisões imprevisíveis.

por Ifatos
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Volatilidade Extrema: Dólar Despenca de R$ 6,09 para R$ 5,84 e Bolsa Sobe com Anúncio Errático de Trump sobre Tarifas

Mercados globais reagem com alívio momentâneo à ‘pausa’ tarifária para alguns países, mas movimento brusco expõe nervosismo e incerteza profundos gerados por guerra comercial e decisões imprevisíveis.

O mercado financeiro global foi submetido a um verdadeiro teste de estresse nesta quarta-feira (9 de abril de 2025), com ativos balançando violentamente ao sabor de anúncios conflitantes e imprevisíveis vindos da Casa Branca. No Brasil, o dólar protagonizou uma montanha-russa, disparando acima de R$ 6,09 na máxima do dia para depois despencar e fechar em forte queda de 2,53%, a R$ 5,8467. No mesmo ritmo frenético, o Ibovespa, que amargava perdas, reverteu o sinal e fechou com uma alta expressiva de 3,12%. O gatilho para essa reviravolta foi um anúncio de Donald Trump que misturou um alívio temporário para dezenas de países com uma escalada brutal contra a China, ilustrando a extrema volatilidade e a profunda incerteza que agora dominam o cenário econômico global em meio à guerra comercial e às tarifas de Trump.

O Gatilho da Instabilidade: A Gangorra Tarifária em Tempo Real

A sequência de eventos que levou a essa volatilidade foi vertiginosa e, por vezes, confusa:

  1. Escalada Matinal: Nas primeiras horas do dia, entraram em vigor tarifas retaliatórias americanas mais altas sobre diversos países, incluindo uma taxa de 104% sobre a China (acima dos 54% iniciais), em resposta a movimentos anteriores de Pequim.
  2. Contra-Ataque Chinês: A China respondeu quase imediatamente, elevando suas tarifas sobre produtos americanos para 84% (acima dos 34% prometidos) e aplicando restrições a empresas dos EUA. O cenário parecia caminhar para uma conflagração generalizada.
  3. A Reviravolta de Trump: No meio da tarde, Trump anuncia uma dupla medida:
    • Uma “pausa” de 90 dias e redução para 10% nas tarifas que haviam acabado de entrar em vigor para países que seriam taxados acima desse patamar (excluindo a China e aqueles já com taxas iguais ou inferiores a 10%, como o Brasil).
    • Simultaneamente, um aumento massivo da tarifa específica sobre a China para 125%.

Essa sequência errática, com políticas sendo aparentemente ajustadas e comunicadas em tempo real, injetou uma dose cavalar de incerteza nos mercados, forçando reações bruscas à medida que os operadores tentavam decifrar a estratégia (ou a falta dela).

Anatomia de um Dia Volátil: O Vaivém Alucinante do Dólar

Poucos ativos refletiram tão bem o nervosismo do dia quanto o dólar no Brasil. Atingir R$ 6,095 na máxima expressava o pânico inicial com a escalada sino-americana da manhã. A queda subsequente para R$ 5,8467 após o anúncio de Trump não foi apenas um ajuste técnico, mas o reflexo do alívio (talvez exagerado) com a percepção de que uma guerra comercial total e irrestrita contra todos os parceiros havia sido, ao menos, adiada por 90 dias para a maioria. Essa oscilação de quase 25 centavos em poucas horas evidencia um mercado operando no limite, extremamente sensível a qualquer sinalização política, por mais contraditória que seja.

Ecos Globais da Incerteza: Reações em Fusos Horários Distintos

A natureza súbita do anúncio de Trump também gerou reações díspares ao redor do globo, amplificando a sensação de descoordenação:

  • EUA: Wall Street, operando no momento do anúncio, reverteu perdas e disparou (Dow +5.4%, Nasdaq +8.2%), agarrando-se à notícia da “pausa”.
  • Europa: Os mercados fecharam antes do anúncio, amargando perdas pesadas (Stoxx 600 -3.5%) sob o impacto da escalada tarifária da manhã.
  • Ásia: China e Hong Kong fecharam em alta, recuperando-se das mínimas iniciais apesar das tarifas matinais, talvez já precificando algum tipo de negociação ou sentindo o fundo do poço da aversão ao risco.

Essa defasagem mostra como a imprevisibilidade da política comercial americana gera ondas de choque que se propagam de forma desigual, dificultando uma leitura coesa do sentimento global.

Alívio Temporário ou Ilusão Perigosa?

A questão que paira é: a euforia dos mercados com a “pausa” é justificada e sustentável? A interpretação predominante parece ser que, ao limitar a escalada generalizada e oferecer uma janela de 90 dias para negociação com a maioria dos países (exceto China), Trump reduziu o risco de um colapso imediato do comércio global. Foi um passo atrás da beira do abismo para muitos.

Contudo, essa leitura pode estar ignorando ou subestimando perigosamente a outra metade do anúncio: a tarifa de 125% sobre a China. Como alertou o analista Leonel Oliveira Mattos, da Stonex, é difícil subestimar o potencial disruptivo de um conflito dessa magnitude entre as duas maiores economias do mundo, tão integradas até recentemente. A tarifa punitiva sobre a China e a resposta retaliatória de Pequim (84%) continuam ativas e representam um freio estrutural ao crescimento global.

Navegando na Neblina: O Desafio para o Brasil e o Mundo

Para uma economia como a brasileira, essa volatilidade extrema imposta por decisões políticas externas é particularmente prejudicial. Empresas com exposição cambial ou dependentes de cadeias globais de valor enfrentam uma dificuldade imensa de planejamento. O Banco Central se vê diante do desafio de gerenciar a volatilidade cambial sem queimar reservas excessivamente ou comprometer a política monetária, num cenário onde os motores da instabilidade estão fora de seu controle. Os dados domésticos positivos, como a leve deflação nos preços ao produtor ou a alta no varejo em fevereiro, tornam-se quase notas de rodapé diante da magnitude do furacão externo.

A disposição declarada do Japão e da União Europeia em priorizar negociações pode ser um sinal positivo, mas a questão central permanece: é possível construir estabilidade e previsibilidade em um ambiente onde as regras do comércio internacional podem ser reescritas de forma tão abrupta e unilateral?

Conclusão: A Era da Volatilidade Induzida pela Política?

O vaivém frenético dos mercados nesta quarta-feira foi mais do que uma simples reação a notícias; foi a manifestação explícita de como a incerteza e a imprevisibilidade na condução da política comercial das grandes potências se tornaram um dos principais vetores de instabilidade econômica global. O alívio gerado pela “pausa” tarifária de Trump pode ser efêmero se a tensão fundamental com a China continuar a escalar ou se a janela de 90 dias se fechar sem acordos significativos. O que fica é a sensação de que navegar nos mercados internacionais exige, cada vez mais, não apenas análise econômica, mas também uma alta tolerância à volatilidade e uma capacidade de decifrar os próximos lances de um jogo político cada vez mais imprevisível.

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