Estratégia para recuperar poder na ex-subsidiária da Petrobras gera perdas financeiras
A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, intensificou sua tentativa de aumentar influência sobre a Vibra Energia, antiga BR Distribuidora. No entanto, essa movimentação estratégica provocou prejuízos significativos, já ultrapassando a marca de meio bilhão de reais desde o último ano.
Manobras na Governança e Consequências
Em abril de 2024, durante a assembleia de acionistas da Vibra, a Previ indicou dois candidatos ao conselho administrativo: João Fukunaga, presidente do fundo, e Cláudio Gonçalves, diretor da entidade. Para garantir votos suficientes à eleição dos indicados, o fundo utilizou a técnica do voto múltiplo, permitindo a concentração de votos em menos candidatos. Apenas Gonçalves foi eleito.
Para a assembleia marcada para 2025, a Previ insistiu na tentativa de aumentar sua presença no conselho, indicando novamente Gonçalves e adicionando Marcel Juviniano Barros, sindicalista e atual presidente da Anapar (Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão).
Crescimento da Participação e Perdas Significativas
A Previ aumentou sua fatia acionária na Vibra, passando inicialmente de 3,3% para 5%, e posteriormente atingindo quase 9%. No momento da aquisição, cada ação estava cotada em aproximadamente R$ 23,50. Entretanto, o preço das ações despencou posteriormente, atingindo cerca de R$ 17,40. Como resultado, o prejuízo acumulado com essa operação ultrapassou R$ 518 milhões até o final do último ano.
Privatização e Contexto Político
A Vibra Energia, anteriormente conhecida como BR Distribuidora, passou por um processo gradual de privatização iniciado em 2017, no governo Michel Temer, e concluído durante o governo Jair Bolsonaro em 2021. A perda de controle estatal gerou críticas frequentes por parte do atual presidente Lula, aumentando especulações de que os movimentos da Previ possam estar relacionados a uma tentativa de retomada de influência governamental.
Auditoria e Avaliação do TCU
Devido aos prejuízos e ao aumento do déficit bilionário no Plano 1, o Tribunal de Contas da União (TCU) iniciou auditoria na Previ. O órgão investiga se a aquisição de ações da Vibra está em desacordo com a política do fundo, que vinha priorizando uma redução gradual de sua exposição a investimentos de maior risco.
Especialistas afirmam que, considerando o atual estágio da Previ (focado em pagamentos a beneficiários e não mais na fase de acumulação), seria recomendada uma estratégia de investimentos conservadora, priorizando ativos de renda fixa e maior segurança financeira.
Justificativa Técnica da Previ
A Previ defendeu sua posição alegando que todas as decisões são tomadas após análises técnicas rigorosas. O fundo ressaltou a solidez financeira da Vibra Energia, apontando indicadores como retorno sobre patrimônio (ROE) de 37% e dividend yield de 9%, superiores aos concorrentes do setor, como a Ultrapar.
Além disso, esclareceu que os recursos investidos vieram de desinvestimentos realizados em outras empresas, integrando uma estratégia de longo prazo com expectativa de valorização futura das ações da Vibra.