Início » Conclave do novo papa começa em 7 de maio: tudo sobre regras, bastidores e cenário político

Conclave do novo papa começa em 7 de maio: tudo sobre regras, bastidores e cenário político

Contagem regressiva para o conclave do novo papa

por brunojorge
5 minutos ler
Um+UM-
Reiniciar

O conclave do novo papa será aberto em 7 de maio de 2025 na Capela Sistina, exatamente onze dias após o funeral de Francisco. A data foi confirmada pelo camerlengo, cardeal Kevin Farrell, durante a primeira congregação geral dos cardeais na segunda-feira (28). Ao todo, 135 cardeais eleitores — todos com menos de 80 anos — serão isolados no Vaticano até que um deles alcance a maioria qualificada de dois terços, isto é, 90 votos.

Embora horários oficiais do rito ainda não tenham sido divulgados, o protocolo prevê que a jornada comece com a missa Pro eligendo Romano Pontifice na Basílica de São Pedro, seguida da entrada solene na Capela Sistina e, se houver tempo, um primeiro escrutínio à tarde. Por tradição litúrgica, a solenidade costuma iniciar por volta das 7 h locais; a procissão até o Juízo Final de Michelangelo ocorre cerca de duas horas depois. Esses horários permanecem previsões e podem ser ajustados pela Congregação para o Culto Divino.


Linha do tempo confirmada e etapas previstas

 

Data Passo do processo Observação
21 abr Morte de Francisco Óbito às 23h12 (Roma)
26 abr Funeral e sepultamento Praça de São Pedro / Santa Maria Maggiore
28 abr Congregações gerais iniciadas Cardeais alinham agenda
7 mai Abertura do conclave Missa, juramento de sigilo, 1º escrutínio possível
8–10 mai Até quatro votações diárias Duas manhã, duas tarde
11 mai Dia de pausa (se necessário) Reflexão e confissão
12 mai → Ciclo de mais sete escrutínios Retomado até eleição

Se o impasse persistir além de 13 dias, o regulamento permite alterar o quórum; porém, nenhum dos últimos 11 conclaves superou quatro dias de decisão.


Como funciona o voto: do sigilo absoluto à fumaça branca

O sigilo é a alma do conclave do novo papa. Antes de entrar na Capela Sistina, cada cardeal deposita celulares, tablets e smartwatches em cofres lacrados. Técnicos da Gendarmaria vaticana varrem o local com scanners de radiofrequência e desmontam grades de ventilação para impedir microcâmeras. Qualquer violação implica excomunhão automática — norma reforçada por Francisco em 2021.

Dentro da capela, o processo segue sete passos claros:

  1. Distribuição das cédulas com a fórmula latina Eligo in Summum Pontificem.

  2. Cada cardeal escreve o nome do escolhido e dobra o papel duas vezes.

  3. Em ordem de precedência, deposita a cédula em cálice de prata sobre o altar.

  4. Três escrutinadores, sorteados publicamente, abrem e lêem em voz alta.

  5. Os votos são costurados com linha para impedir trocas.

  6. Se ninguém obtém dois terços, as cédulas são queimadas com produto que gera fumaça preta.

  7. Ao surgir a eleição, um escrutinador pergunta ao eleito: Acceptasne? (Você aceita?). Se ele diz “Acepto”, a fumaça é branca.


Quem são os grandes favoritos — e as surpresas possíveis

Os cardeais evitam dar entrevistas, mas vaticanistas apontam quatro perfis que refletem correntes internas da Igreja:

  1. Cardeal Matteo Zuppi (Itália, 69 anos) – Emissário de paz em Moçambique, carismático e próximo dos movimentos de base.

  2. Cardeal Jean-Marc Aveline (França, 66) – Especialista em diálogo islâmico-cristão, ligado à reforma ambiental e migratória.

  3. Cardeal Wilton Gregory (EUA, 76) – Primeiro afro-americano elevado ao cardinalato; firme em abuso zero e justiça racial.

  4. Cardeal Odilo Scherer (Brasil, 75) – Experiência na comissão econômica da Santa Sé, ponte entre Norte e Sul Global.

Surpresas não faltam: conclaves já escolheram Wojtyła (1978) e Bergoglio (2013) longe do topo das listas. Italianos ainda citam o cardeal Paolo Lojudice, arcebispo de Siena, conhecido pelo trabalho com ciganos; e africanos veem chance na figura de Fridolin Ambongo (República Democrática do Congo), voz contra a mineração predatória.


Desafios que aguardam o novo pontífice

  • Sinodalidade em curso – Francisco abriu portas à participação laical; o sucessor precisará decidir se e como incorporar mulheres nos ministérios estáveis.

  • Transparência financeira – O Instituto para as Obras de Religião (IOR) reduziu contas suspeitas em 90 % desde 2015, mas investigações seguem abertas em Londres e Malta.

  • Crise climática – A encíclica Laudate Deum exige ações concretas. Qual papa liderará a diplomacia verde na COP 31?

  • Perda de fiéis na Europa – Alemães debatem abertamente ordenação de homens casados; franceses pedem revisão da liturgia pós-Covid.

  • Polarização interna – Grupos conservadores, como o Círculo de São Pio V, resistem a bênçãos pastorais de casais LGBTQIA+ aprovadas em 2024.


O momento da fumaça: logística e simbolismo

A fumaça branca costuma surgir entre 30 a 40 minutos após o escrutínio final. Tecnólogos suíços aprimoraram o sistema em 2005, adicionando cartuchos elétricos que garantem tonalidade inequívoca. Enquanto a chaminé fuma, os sinos de São Pedro repicam. Em média, 45 minutos depois, o novo papa aparece na Loggia das Bênçãos para proclamar Urbi et Orbi. Nos últimos casos, a entronização litúrgica aconteceu uma semana depois, em missa campal na Praça de São Pedro.


Por que a eleição repercute além da fé católica

O papa é chefe de Estado da menor nação do mundo, mas influencia debates globais: mediações entre Washington e Havana (2014), apelo a corredores humanitários na Síria (2016) e pressão moral pelo Acordo de Paris (2015). Agências de rating acompanham declarações papais sobre dívida africana; chancelerias monitoram posicionamentos sobre guerra na Ucrânia. Portanto, o resultado de maio repercutirá em diplomacia, mercados de energia limpa e políticas migratórias.


O que observar nos primeiros sinais

  1. Nome escolhido – “Leão XIV” sugeriria reforma litúrgica; “João Paulo III” resgataria evangelização global.

  2. Primeiras palavras – Referência direta a pobres ou à Casa Comum indicará continuidade franciscana.

  3. Primeiras viagens – Se o novo papa escolher África ou Amazônia antes de Roma, sinalizará foco periférico.

Prepare-se: a partir de 7 de maio, cada coluna de fumaça, cada sino e cada sussurro na praça poderão anunciar um rumo inédito para 1,38 bilhão de católicos — e para o tabuleiro geopolítico mundial.

Você também pode gostar

Deixe um comentário

* Ao usar este formulário, você concorda com o armazenamento e o manuseio dos seus dados por este site.

Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Siga nosso Insta

Ifatos - Notícias Atualizadas, Informação Confiável e Jornalismo de Qualidade.

Notícias em tempo real, com credibilidade e imparcialidade. Fique por dentro dos fatos mais importantes do Brasil e do mundo.

Newslatter

Assine nossa Newsletter

© 2025 – Todos os direitos reservados. Projetado e desenvolvido com Amor ❤️

Are you sure want to unlock this post?
Unlock left : 0
Are you sure want to cancel subscription?

Adblock detectado

Por favor, apoie-nos desabilitando a extensão AdBlocker do seu navegador para o nosso site.