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Morre Papa Francisco aos 88 Anos: O Pontífice Jesuíta e Latino-Americano que Buscou Reformar a Igreja e Ser a Voz dos Pobres

Falecimento, ocorrido nesta segunda-feira após complicações de saúde, encerra pontificado histórico marcado por ênfase na misericórdia, defesa dos marginalizados, desafios internos e impacto global significativo.

por Ifatos
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O Vaticano anunciou ao mundo, com “profunda tristeza”, o falecimento do Papa Francisco na manhã desta segunda-feira, 21 de abril de 2025, aos 88 anos de idade. A notícia, comunicada oficialmente pelo Cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé, marca o fim de um pontificado de mais de 11 anos que foi, em muitos aspectos, revolucionário e profundamente marcante para a Igreja Católica e para o cenário global. Nascido Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires, Argentina, ele foi o primeiro Papa oriundo da América Latina e o primeiro membro da Companhia de Jesus (Jesuítas) a ocupar o Trono de Pedro, trazendo consigo uma perspectiva e um estilo pastoral que buscaram incessantemente colocar os pobres e marginalizados no centro da mensagem cristã e reformular estruturas dentro da própria Igreja. A morte do Papa Francisco encerra um capítulo singular na história do papado moderno.

O Anúncio do Vaticano e a Batalha Final Pela Saúde

O comunicado do Cardeal Farrell, responsável pela administração da Igreja durante o período de Sé Vacante, expressou a dor pela perda e ressaltou o cerne do legado papal: “Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”. A nota também recomendou a alma do pontífice “ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”.

O falecimento ocorreu após um período de saúde cada vez mais frágil, culminando em uma internação recente onde foi diagnosticada uma pneumonia complexa em ambos os pulmões, causada por múltiplos microrganismos. Durante essa última internação, Francisco enfrentou quadros de “crise respiratória prolongada semelhante à asma”, necessitou de transfusões de sangue (devido a plaquetas baixas e anemia) e apresentou insuficiência renal inicial leve, chegando a precisar de ventilação mecânica não invasiva. Apesar de uma melhora momentânea que o permitiu gravar um áudio de agradecimento aos fiéis, seu prognóstico permaneceu “reservado”, indicando a gravidade de seu estado até o desfecho final.

Um Papa do “Fim do Mundo”: Quebrando Barreiras Históricas

A eleição de Jorge Mario Bergoglio em março de 2013 foi, por si só, um evento histórico. Pela primeira vez em milênios, um não-europeu ascendia ao papado, trazendo a rica e complexa experiência da Igreja latino-americana – uma Igreja marcada pela Teologia da Libertação (embora ele próprio não fosse um expoente direto dela), pela vivência próxima das desigualdades sociais e por uma forte piedade popular.

Sua identidade jesuíta também foi fundamental. A formação na Companhia de Jesus, com sua ênfase no discernimento espiritual, no serviço aos mais necessitados (a “opção preferencial pelos pobres”), na busca pelo “magis” (o “mais” para a glória de Deus) e em uma certa austeridade pessoal, moldou profundamente seu estilo de liderança: mais direto, menos cerimonial, focado na ação pastoral e na misericórdia.

O Coração do Pontificado: Uma Igreja em Saída, Hospital de Campanha

Desde o início, Francisco deixou claro seu projeto: queria uma “Igreja pobre para os pobres”, uma “Igreja em saída”, que abandonasse a autorreferencialidade e fosse às “periferias geográficas e existenciais”. Ele utilizou a metáfora da Igreja como um “hospital de campanha após a batalha”, pronta para curar feridas e acolher a todos, em vez de se entrincheirar em doutrinas rígidas.

Essa visão se traduziu em:

  • Ênfase na Misericórdia: Colocou a misericórdia divina acima de regras canônicas estritas em muitas situações pastorais.
  • Defesa dos Marginalizados: Tornou-se uma voz incansável pelos migrantes, refugiados, pobres, descartados pela “cultura do indiferentismo”.
  • Crítica Socioeconômica: Denunciou repetidamente o que chamou de “economia da exclusão” e a idolatria do dinheiro.
  • Cuidado com a “Casa Comum”: Sua encíclica Laudato Si’ (2015) tornou-se um documento de referência global sobre ecologia integral e justiça ambiental.
  • Fraternidade Universal: A encíclica Fratelli Tutti (2020) foi um apelo à fraternidade e à amizade social em um mundo fragmentado.

Reformador (e Alvo de Resistências)

Francisco também empreendeu esforços significativos para reformar a Cúria Romana, buscando simplificar a burocracia vaticana, promover maior transparência financeira (criando novas secretarias e órgãos de controle) e combater o clericalismo. Enfrentou, contudo, fortes resistências internas de setores mais conservadores da Igreja, que viam suas aberturas pastorais e mudanças doutrinárias com desconfiança ou oposição aberta. A gestão da crise dos abusos sexuais na Igreja também foi um desafio constante e doloroso de seu pontificado.

Legado Global e os Próximos Passos

Além de seu impacto interno na Igreja, Francisco foi uma figura de projeção global, engajando-se na diplomacia vaticana (com papel relevante em reaproximações como EUA-Cuba), promovendo o diálogo inter-religioso e sendo uma voz moral constante em debates sobre paz, migração e justiça social.

Com sua morte, inicia-se o período de Sé Vacante, administrado pelo Camerlengo Farrell. Nas próximas semanas, os cardeais com menos de 80 anos se reunirão em Conclave na Capela Sistina para eleger seu sucessor, um processo que definirá os rumos futuros da Igreja Católica após um dos pontificados mais dinâmicos e transformadores de sua história recente.

A Marca de Francisco na História

O Papa Francisco faleceu deixando um legado complexo e inegavelmente profundo. O “Papa vindo do fim do mundo” desafiou convenções, priorizou a misericórdia sobre a rigidez doutrinária, colocou os pobres no centro de sua mensagem e buscou incansavelmente o diálogo em um mundo polarizado. Suas reformas enfrentaram obstáculos, sua saúde o limitou nos últimos anos, mas sua visão de uma Igreja mais próxima, mais simples e mais engajada com as feridas do mundo marcou indelevelmente a instituição e inspirou milhões dentro e fora dela. A história julgará a profundidade das mudanças, mas a marca pastoral e profética de Francisco certamente perdurará.

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