O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou nesta quinta-feira (17) a possibilidade de um acordo comercial com a China, num movimento que pode reverter a escalada das tarifas impostas nos últimos anos e redefinir os rumos da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Durante conversa com jornalistas no Salão Oval, Trump afirmou que “nós faremos um acordo com a China”, mencionando que o governo chinês teria entrado em contato com autoridades norte-americanas diversas vezes nas últimas semanas. Apesar de não confirmar uma conversa direta com o presidente chinês Xi Jinping, Trump garantiu que interlocutores ligados a ele buscaram diálogo com Washington.
“Eles nos procuraram várias vezes”, declarou Trump, visivelmente otimista com o desenrolar das tratativas.
Negociações sem pressa e pressão sobre tarifas
Questionado sobre um possível prazo para a formalização de um entendimento, Trump adotou um tom tranquilo. Disse que os EUA têm “muito tempo” para tratar do assunto e sugeriu que avanços concretos podem surgir nas próximas “três ou quatro semanas”.
O republicano também indicou que, no momento, não vê necessidade de elevar ainda mais as tarifas aplicadas sobre produtos chineses. Pelo contrário: mencionou a possibilidade de reduções graduais, desde que haja reciprocidade e avanço nas negociações. “Se as tarifas forem altas demais, as pessoas não vão comprar”, ponderou.
Escalada tarifária e o risco de recessão global
A declaração ocorre num momento estratégico. Recentemente, o governo norte-americano chegou a cogitar tarifas de até 245% sobre importações chinesas — uma medida que, segundo analistas, teria potencial de impactar drasticamente as cadeias globais de suprimentos, pressionar preços e intensificar riscos inflacionários.
Com a economia global ainda sensível aos reflexos da pandemia e dos conflitos geopolíticos, a sinalização de uma eventual trégua entre EUA e China é interpretada como um gesto de apaziguamento.
TikTok e a intersecção entre comércio e tecnologia
Outro ponto relevante citado por Trump foi o TikTok. O presidente afirmou que adiará qualquer decisão sobre o futuro da plataforma chinesa nos EUA até que a questão tarifária esteja resolvida. A medida reforça a estratégia de vincular debates comerciais a temas sensíveis de tecnologia e soberania digital.
Análise: estratégia eleitoral e pragmatismo geoeconômico
A nova postura de Trump pode ser lida sob dois prismas. Primeiro, como uma estratégia eleitoral pragmática: reduzir tensões com a China tende a beneficiar setores industriais, importadores e consumidores — grupos-chave em estados-pêndulo.
Segundo, como um gesto de liderança global num momento de instabilidade. Ao manter as portas do diálogo abertas, Trump busca projetar imagem de negociador firme, mas flexível, sobretudo após anos de confronto com Pequim.